29 de abril de 2013


Conheci a biker Regiane quando o Grupo dos Bikers do Norte da Ilha (GBNI) se reuniu para encarar a Trilha do Ratones para a Vargem Grande em Floripa. Mesmo sendo a mais experiente do grupo, ela acompanhou numa boa a galera mais nova, demonstrando muita raça e determinação. Gosta de curtir as pedaladas, aproveitando o que a natureza oferece, como as frutas, por exemplo. :)

Já morou e pedalou na Europa, constatando que ainda precisamos e devemos evoluir bastante na infra estrutura cicloviária aqui no Brasil. Com um depoimento curto, mas bem legal, ela nos conta um pouco da sua vida ciclística.

Espero que gostem de mais esta história Show de Bike!

CicloAbraços, Biker


A bicicleta sempre fez parte da minha vida. Quando criança, meus joelhos viviam esfolados dos tombos que eu levava no asfalto quente de Campo Grande, MS. Me lembro bem desta bicicleta, uma Monareta. Depois vieram várias outras. 

Quando fui morar na Alemanha, a primeira coisa que me deram foi uma bicicleta, e lá aprendi que andar de bicicleta não era uma brincadeira, mas um transporte, e que haviam regras a serem seguidas. Eu e uma amiga sempre éramos abordadas pela polícia, que já dava a bronca pelo megafone, pois lá é proibido carregar um carona na garupa. 

Depois, quando fui morar na Itália, ganhei uma monareta bem antiga, essa sim foi companheira. Do sítio onde eu morava até a cidade mais próxima eram uns 10 km de estrada de terra e asfalto. Esse caminho eu fiz muitas vezes sob todas as condições climáticas imagináveis.

Quando voltei ao Brasil, fui morar em São Paulo e logo em seguida comprei uma bike
e levei para a casa de praia no litoral norte do estado. Lá, todos os fins de semana, eu
pegava a estrada secundária, que era de terra, e ia até onde minhas pernas aguentavam.
Mas foi há uns 10 anos, quando ganhei minha primeira Specialized do meu cunhado, que eu realmente percebi que era uma paixão. 

Morar em Florianópolis com uma Specialized na garagem mudou minha vida. Confesso que a combinação foi perfeita pra mim. Comecei a pedalar cada vez mais e a me interessar por andar de bicicleta como esporte. Então comprei minha segunda Specialized e passei a
impor desafios a mim mesma. Comecei a treinar, criando metas a serem cumpridas,
e lentamente fui vencendo os obstáculos. 

GBNI antes da Trilha do Ratones para a Vargem Grande

Ainda estou muito longe de chegar onde eu quero, mas como sei que este amor é eterno, o tempo é meu parceiro. Aos 52 anos, já convicta de que o ciclismo é a minha praia, comprei uma Rocky Mountain e penso em começar a competir. De uma coisa tenho certeza, aonde quer que eu vá, ela vai comigo.

22 de abril de 2013


Parte final do ótimo depoimento do biker Vinícius. Para ver a primeira parte, clique aqui.

Um ano depois voltei ao Brasil e continuei pedalando a Donatta, mais empolgado do que nunca. Meu amigo não morava mais no meu prédio, então comecei a pedalar sozinho. Aos 18 anos ganhei uma speed usada, a Stela (magrinha como uma costela): uma Volare com grupo Campagnolo Mirage 16v e garfo de carbono. Uma nave! Meio pequena pra mim, mas foi o que deu pra comprar. Pedalava ~250km por semana, agora com roupinha colorida, capacete, luvas, sapatilha e etc, e voltei a pensar em competir. Foi nessa época que pedalei algumas poucas vezes com o recém formado grupo do MTB Floripa, mas sem uma mountainbike adequada era difícil acompanhar. Em 2005 tive a cara de pau de aproveitar o circuito de ciclismo do IronMan e pedalei os mesmos 180km que os atletas estavam percorrendo. Devidamente equipado e fantasiado de atleta, ganhava isotônico e frutas nos postos de controle, e assim completei o trajeto com certa tranquilidade em 8h. Mas com bastante frequência eu furava os treinos e nunca consegui manter a disciplina de um atleta.

Um dia me roubaram a Donatta, e fiquei só com a Stela. Isso me fez pedalar menos, pois não ia pra qualquer lugar com essa bicicleta e pra muitos trajetos ela era desconfortável. As limitações da bicicleta me fizeram sentir falta do que eu realmente gostava: me divertir. Foi quando enjoei de pedalar esportivamente. Ir rápido é legal, pedalar forte é viciante, mas ficar só pensando em velocidade e ter uma bicicleta que só serve pra tocar o terror no asfalto é muito chato. Gosto de pedalar forte mas sem ser "obrigado" a isso, podendo me dar o direito de pedalar suave também, em geral intercalando os dois ao longo dos passeios. Nunca tive muito apoio familiar pra isso também, acho que meu pai se decepcionou por eu não gostar de futebol e minha mãe nunca botou muita fé. E assim desisti de vez de ser atleta.

[FOTO 6 - IronMan 2005]
Testdrive na Stela


Em 2007 vendi a Stela e comprei a Talena: uma Scott Reflex 60. Minha vida agora era outra, pedalava diariamente pra todo lugar, me divertia numa trilha de vez em quando, descia morros alucinadamente, pedalava pela ilha inteira com uma bicicleta versátil e ótima em qualquer situação. Mas não queria mais saber de competições, apenas de aventuras, passeios, e do transporte do dia a dia.

Um dia fuçando a internet achei uma tal de BICICLETADA, e acho que fui pela primeira vez em 2007. Tinha umas 6 pessoas, nem lembro direito quem eram, mas alguns comparecem até hoje. Fui uma vez, não fui por vários meses, fui de novo, não fui de novo, e sei lá quando comecei a ir assiduamente. Por um bom tempo éramos um grupo de umas 5 pessoas que toda última sexta feira do mês se juntavam pra pedalar e bater um papo sério sobre bicicletas e a cidade. Eu, Juliana, André, Ana, Fabiano. E aí sempre aparecia alguém aleatório também. Chegamos a fazer BICICLETADAS de 3 ou 4 pessoas algumas vezes, e teve até uma em que o Fabiano foi sozinho! Ficamos nessa por bastante tempo, até que em 2011 eu inventei de criar o grupo no Facebook e com o tempo a BICICLETADA foi ganhando sua devida proporção: 30-60 pessoas, com eventos pontuais de 150, 200, 300 pessoas. Uma atitude simples que gerou um resultado legal! Hoje a BICICLETADA tá aí, razoavelmente firme e forte.

Paralelamente em 2007 me meti na lista de email da ViaCiclo. Nem sabia direito quem eram as pessoas, mas depois que descobri que existe uma ONG de ciclistas comecei me meter nas discussões e a escrever emails revoltados sobre o marasmo da situação ciclistica da ilha. Fiz amigos e inimigos, falei tudo que queria, e foi assim que comecei a me envolver com o lado político da bicicleta.

Apesar de ser metido, não gosto quando me consideram "cicloativista". Pra mim a bicicleta simplesmente faz parte do meu dia a dia e de toda minha história de uma forma muito simples e sem ideologias. Esse meu envolvimento "ativista" com a bicicleta só acontece porque estou no Brasil, onde o povo e as autoridades ainda são analfabetos no assunto, onde usar a bicicleta diariamente ainda é visto como uma coisa excepcional, onde só se vê a bicicleta como esporte e lazer. Dessa forma, o que pra mim é uma simples descrição/opinião prática sobre o dia a dia de alguém que usa a bicicleta, pras pessoas parece ideologia, ativismo, revolta, especialidade, utopia. Não gosto de ser "diferente" por andar de bicicleta, porque acho que deveria ser uma coisa comum, assim como usar um tênis pra caminhar é comum. Assumo, claro, o gosto pelo esporte, o prazer de pedalar e um tanto de dedicação a isso. Mas não deveria ser diferente, por exemplo, de gostar de futebol e jogar uma pelada com os amigos. Ninguém chama o outro de "futebolativista" por isso. Como constatei na Alemanha, lá eu seria uma pessoa comum!

Hoje ainda me envolvo nas questões políticas da bicicleta, mas mudei meu foco: me tornei um Bike Anjo. A meu ver nada é mais eficiente pra mudar a visão de alguém sobre o uso da bicicleta do que fazer ela pedalar 10km dentro da cidade. O envolvimento em questões burocráticas é muito lento e chato, enquanto pedalar com alguém tem um efeito imediato. Chega a ser engraçado ver a cara das pessoas quando fazem isso pela primeira vez, aquele espanto misturado com orgulho, e o agradecimento delas é mais que suficiente pra eu gostar de proporcionar essa experiência. E fazendo isso também acabo me envolvendo politicamente, pois um certo prefeito recém eleito já prometeu que vai pedalar comigo pra ver como é a vida de um ciclista em Floripa.

Também mudei meu foco quanto ao meu gosto pelo esporte. Correr é legal, mas viajar é ANIMAL! Olhar um mapa, ver aquele traçado IMENSO e pensar que pedalei tudo aquilo é simplesmente demais! Passar o dia inteiro pedalando, por vários dias seguidos, te transporta não só fisicamente como também mentalmente. A cabeça vai longe enquanto as pernas te transportam. Fiz minha primeira viagenzinha em 2008 com um amigo, ida e volta de Joinville a São Francisco em pleno inverno. Foi pequena mas muito bacana, serviu de teste prático pra aprender a carregar aquela tranqueira toda na bicicleta e também pra aprender a enfrentar perrengues, como a imensa reta no litoral de São Francisco com areia fofa, vento contra e nenhuma sombra. Essa parte só foi divertida porque uma baleia nos acompanhou por boa parte do caminho.

[FOTO 7 - Na estrada pra São Francisco]

No início de 2012 fui atropelado: um senhor de certa idade pensou que conseguiria me passar e virar à direita, mas errou feio no cálculo e me acertou em cheio. Por MUITA sorte tive só uns ralados, mas vivi o momento mais Matrix da minha vida quando caí no chão: vi o carro passando por cima de mim e consegui rolar pra fora antes da roda traseira me atingir. Foi por tão pouco que limpei a calota da roda com o meu ombro. Sinceramente acho que morri numa dimensão mas dei "continue" em outra. A ironia é que o filho do casal que me atropelou havia morrido atropelado alguns anos atrás, então não pude deixar de aterrorizar eles com o fato de que quase me deram o mesmo destino.

[FOTO 8 - Atropelamento]
Quando fui atropelado
Mas aí, de novo, o que não me matou me deixou mais forte e um pouco mais maluco. Embarquei com tudo nas cicloviagens e agora já até trabalho como guia de cicloturismo. Desde então já fiz as seguintes viagens:

Floripa - Porto Alegre (575km rumo ao 1º Forum Mundial da Bicicleta)
São Leopoldo - Tubarão (450km pela serra, voltando do Forum)
São Paulo - Rio de Janeiro (750km rumo à RIO+20)
Floripa - Urubici (350km na serra em pleno inverno)
Floripa - Maquiné (540km com mais 30 pessoas rumo a um encontro de biologia)
Vale dos Vinhedos (guia de cicloturismo - Caminhos do Sertão)
Floripa - Porto Alegre (575km ao 2º Forum Mundial da Bicicleta, fechando o primeiro ano de viagens)

[FOTO 9 - Viajando]
Temporal na estrada indo pra Porto Alegre
[FOTO 10 - Vale dos Vinhedos]
Fazendo graça em Canela-RS
Se eu for escrever sobre a experiência de viajar pedalando precisaria de um livro inteiro. Para este relato me contenho em dizer que é DEMAIS! Planejo logo logo ir pedalando até o Chile, um sonho-quase-fetiche meu, talvez sozinho talvez acompanhado. Hoje tenho uma companheira afetiva que também é adepta da bicicleta e isso é a melhor coisa do mundo! Espero que possa contar com ela pros meus planos futuros. Não faço idéia do que vou fazer com a bicicleta nem pra onde vou nos próximos anos da minha vida, só sei que vou pedalando!

E espero não morrer atropelado. Caso ocorra, fica aqui meu testamento: quero que usem a minha bicicleta como ghost bike e EXPLODAM ESSA CIDADE!

Mas na melhor das hipóteses, espero só continuar pedalando =)


A história do biker Vinícius com a bicicleta começou cedo! 

Com poucos anos ele aprendeu que uma bike poderia levá-lo para qualquer lugar. Gostava de correr e até tentou participar de equipes de ciclismo, mas infelizmente não conseguiu. Morou e pedalou no exterior e percebeu as grandes diferenças existentes na infra estrutura ciclística existente por lá e aqui. Mesmo tendo alguns acidentes que poderiam até ter sido fatais, atualmente é um Biker Anjo e um entusiasta no que se refere à bicicleta como meio de transporte, esporte e turismo.

Um depoimento muito legal e até com revelação que nem seus pais sabem.

Espero que gostem de mais esta história Show de Bike!

CicloAbraços, Biker


Minha história com a bicicleta começou quando ainda era criança. Não sei dizer exatamente quando, acho que simplesmente sempre pedalei, ou quase isso. Apesar de ter sido criado dentro de um apartamento, tive a sorte e o prazer de ter uma praça em frente ao prédio e o campus da UFSC no outro lado da rua. Então meu lazer de final de semana (e muitas vezes de dia de semana também) sempre foi só atravessar a rua e desfrutar de uma área imensa livre de carros, plenamente arborizada e recheada de caminhos secretos por entre os prédios da universidade.

Pedalando com minha irmã na UFSC, na época em que havia um bosque de eucaliptos
Não lembro da minha primeira bicicleta, mas lembro que lá pelos 6 anos tirei as rodinhas e que minha estratégia pra manter o equilíbrio era pedalar rápido. Pedalava numa reta, ia até o fim, parava, fazia meia volta a pé, pedalava rápido de novo. Me divertia horrores. Mas eu queria mesmo era me aventurar no terreno acidentado, andar na terra, descer escada, etc. Ao longo dos anos me especializei em conseguir descer por onde sequer se consegue subir, obviamente resultando em incontáveis tombos. Entre escorregões leves e quedas pesadas gerei cicatrizes que vou carregar pra sempre no meu corpo, embora não me lembre da história de todas. Apesar disso, não sei bem como, nunca quebrei um osso.

Outra grande sorte que tive é que a ciclovia da Beiramar tem seu início/fim exatamente no campus da UFSC. Assim, comecei a explorar a cidade "inteira" logo depois de aprender a manter o equilíbrio na bicicleta. Ia até o CIC direto, mas parava na rótula porque tinha medo de atravessar. Devia ter uns 10 anos na primeira vez que fui pedalando até a ponte Hercílio Luz com uma bicicleta monomarcha que era bem maior do que eu devia usar. Depois daquele dia, minha relação com a cidade mudou pra sempre. Cansei um montão, mas descobri que de bicicleta você chega onde quiser.

Aos 11 anos fui morar em Oxford, na Inglaterra. Fiquei 1 ano lá, sem bicicleta, apesar de ter infernizado minha mãe pra comprar uma. Eu ia de ônibus pra escola e via uma ciclovia imensa no caminho, sempre lotada de adultos e crianças que pedalavam mesmo no inverno. Na escola tinha um bicicletário enorme, sempre lotado, e aquilo me maravilhava. Eu comparava com meu colégio no Brasil, que não tinha qualquer estrutura pra bicicletas, e acho que foi o começo dos meus questionamentos culturais sobre a bicicleta.

Quando voltei pra Floripa ganhei uma Sundown "Shimanimal", AUTAS bicicleta pra época. Roubaram em menos de um mês, dentro do meu prédio. Aí ganhei outra, mais genérica, mas era mais que suficiente pra mim. Eu tinha aulas de inglês no centro e ia pedalando, o que deixava todos na escola boquiabertos mas pra mim já era algo comum. Eu também ia pro colégio com ela, a 1km de casa, em 4 minutos, em vez dos 20-30 minutos de quando meu pai me levava de carona. E aí foi nessa época que, por uma questão puramente prática e sem ideologias ativistas, nunca mais quis saber de carro nem de ônibus: a bicicleta virou meu meio de transporte oficial. Era divertido, prático, me fez nunca depender de ônibus nem de carona, e eu ainda me achava um atleta.

Mais uma boa sorte que tive foi um vizinho amigo, da mesma idade que eu, e que pedalava tanto quanto eu. Sempre foi minha parceria pra pedalar na UFSC, na Beiramar, e juntos começamos a explorar o resto da cidade. Lá pelos 13 anos resolvemos encarar o morro da lagoa, e me lembro até hoje da sensação de desespero no meio daquela subida com trânsito intenso, no sol de uma tarde de verão, sem água. Chegamos no topo exaustos, mas felizes. E na descida descobrimos o prazer da velocidade que uma bicicleta pode atingir. Pronto, virei um maníaco por altas velocidades! Com 13 anos eu já descia aquilo a mais de 60km/h (eu não tinha caramanhola mas já tinha um velocímetro hahaha), com uma bicicleta que hoje eu consideraria completamente inapropriada pra isso. Que bom que não aconteceu nada né? Mais ou menos...

Donatta - Fazendo graça na praça com um amigo
No dia 7 de setembro de 1999, aos recém 14 anos, tive o pior acidente da minha vida. Não sei como não morri nem tive maiores sequelas. Era feriado, um puta dia de sol, e o trânsito em direção às praias era intenso mas no sentido contrário estava vazio. Nesse dia resolvi pedalar sozinho, e na descida do Morro da Lagoa resolvi aproveitar a pista livre pra forçar a velocidade. Até que, na segunda curva pra esquerda, um cidadão muito sem noção estava ultrapassando pela contramão e pelo lado de fora da curva na subida. Não sei bem o que aconteceu, só lembro de ver o carro e depois estar voando alto pensando se era melhor tentar dar uma cambalhota ou cair de frente. Lembro que a porrada no chão foi de uma força inacreditável e que no mesmo instante eu aceitei o fato de que ia morrer. Capotei por uns 30m e, BIZARRAMENTE, terminei de rolar correndo a pé. Imediatamente recolhi a bicicleta do meio da pista, toda torta, sentei no acostamento e só então comecei a analisar o que tinha acontecido. Roupas rasgadas, sangue pra todo lado, pedaços de pele pendurados, e NINGUÉM parou pra me ajudar. Com a adrenalina eu não sentia dor, e resolvi ir caminhando até uma clínica de emergência que havia no Santa Mônica. Só quando cheguei lá e me seguraram pelo braço é que relaxei, e aí sim desmaiei. Se na hora não doeu nada, o que veio a seguir foi a maior dor que eu já senti: 2 enfermeiras me seguravam dentro de um tanque e uma terceira limpava meus ferimentos com gaze, soro e pinça pra tirar as pedrinhas.

Eu na praça em frente ao meu prédio com a bicicleta que foi destruída
Na época eu não usava capacete nem luvas, e me espanto até hoje pelo fato de não ter sequelas nem ter quebrado nada. Minha bicicleta, no entanto, foi pro lixo. E o engraçado é que minha maior preocupação era com o esporro que eu ia levar em casa. O principal detalhe dessa história é que eu nunca contei aos meus pais o que realmente aconteceu, pois se soubessem jamais me permitiriam pedalar de novo. Pra eles, contei que estava descendo um outro morro bem menor e que um cachorro havia se atravessado na minha frente. Como eles não viram o estado inicial dos meus machucados, só viram depois quando já estavam +- limpos e sem aquele sangue todo e sem pedaços de pele pendurados, eles acabaram aceitando a história. Mas tenho quase certeza de que eles não realmente acreditavam na minha versão dos fatos. Se eles lerem isso, quase 15 anos depois, é a hora da verdade! haha

Mas em vez de ficar com medo da bicicleta, acabei ganhando muito mais confiança e respeito ao meu corpo. Afinal, se eu tinha sobrevivido sem sequelas a um acidente desses, não havia muito mais o que temer, e também jamais me exporia de novo a um perigo desses (ahm... mentira). Alguns meses depois ganhei uma Caloi Aspen 21v, a "Donatta", e comecei a pedalar mais e mais. Eu pedalava mais pelo esporte do que pelo transporte, o deslocamento urbano era apenas a desculpa pra "treinar": eu queria ser atleta! Era fascinado pelo Tour de France, pelas bicicletas de estrada, pelas roupas coloridas. Acompanhava fervorosamente ao vivo pela tv as memoráveis batalhas entre Lance Armstrong, Jan Ullrich e Marco Pantani. Aos 15 anos eu já ia pra Lagoa, Canasvieiras, Morro das Pedras, Ribeirão. Fazia contra relógios da UFSC ao aeroporto em 20 minutos, coisa que hoje mal consigo fazer. Comecei a explorar trilhas e descobrir lugares maravilhosos da ilha. Comecei a me interessar pelo ciclismo esportivo, e queria muito fazer parte da tal equipe do Avaí. Eu pedalava loucamente mas não tinha uma bicicleta boa e portanto nunca de fato competi. Eu não carregava nem câmara reserva, sequer sabia remendar uma câmara. Na maior parte do tempo não usava capacete, nem luvas, nem roupas de ciclismo. Queria correr, só isso. Um dia me aventurei numa prova de mtb em Porto Belo, e apesar de ter a pior bicicleta, completamente inadequada pro circuito, fiquei em 8º lugar de 14 competidores! Na verdade eu fui o último, mas o resto abandonou a prova hahaha. Pelo menos eu fui até o fim =)

[FOTO 4 - Fazendo mais do que devia com a Donatta]


Quando fiz 16 anos fui morar em Hamburgo, na Alemanha. Enquanto aqui eu era metido a atleta e conhecido no colégio como "o da bicicleta", na Alemanha pedalar é simplesmente normal. Tão normal que se você não tem uma bicicleta aí é que te olham estranho. Lá vivi plenamente a cultura de pedalar no dia a dia sem ser tirado pra maluco ou atleta. Lá nem tem muita ciclovia, e as que tem são bem diferentes das daqui, sendo muitas vezes apenas uma faixa preta na calçada indicando onde os ciclistas devem transitar, e tem muitos parques por onde é possível cortar caminho. A maior diferença é que os motoristas simplesmente te respeitam onde a rua é compartilhada, você pode prender a bike em qualquer lugar, pode embarcar com a bicicleta no metrô. E aí, de forma muito simples, todos se entendem e se respeitam e tudo funciona muito bem. As ruas e calçadas largas são por causa da reconstrução da cidade depois da 2a Guerra Mundial, mas a parte do respeito é pura educação!

Quando cheguei lá ganhei uma bicicleta urbana, com guidão borboleta e pneus 700, algo completamente alienígena pra mim. Mas roubaram na segunda semana ¬¬. Ganhei outra, uma dessas full suspension genéricas que se compra em supermercado: lá uma bike dessas vem com Deore LX e não existem peças de plástico. Pesava 20kg e a suspensão mais atrapalhava que ajudava, mas era uma delícia. Enfim, pedalei pro colégio, pra aula de alemão, pra festas, pra shows, pra visitar os amigos, pros bairros afastados, pras cidades vizinhas, no sol, na chuva, na neve, no calor, de dia, de noite, de madrugada. Tive 2 tombinhos memoráveis: Um foi no outono, quando aprendi da pior forma possível que existe gelo invisível no asfalto e fui reto numa curva, só não me machuquei porque tava cheio de roupa. O segundo tombo foi na primavera seguinte: comprei uma sapatilha e um pedal, que são realmente baratos por lá, e saí feliz da vida pedalando clipado. Até que cheguei na porta de casa e... pof. Um clássico na história das sapatilhas.

Fazendo graça na Alemanha

Para ler a parte final do depoimento, clique aqui.

20 de abril de 2013

Competição em Chapecó-SC
Pedalar é uma ótima atividade física que traz diversos benefícios para a saúde – e isso todo mundo já sabe. Também sabemos que essa é uma atividade que deve ter um bom lugar para ser praticada, uma vez que nos grandes centros urbanos torna-se cada vez mais perigoso praticar o ciclismo por entre as ruas da cidade. O que a grande maioria das pessoas não faz a menor ideia é que dá para pedalar e curtir os melhores cenários do Brasil, através de encontros de ciclistas e competições do esporte pelo país afora. Desse jeito, e aproveitando a época de férias para fazer seus passeios, você não tem mais nenhuma desculpa para não unir o útil ao agradável. :)


Competição em
Florianópolis - SC
Antes de pagar seus pacotes promocionais é recomendado que você saiba qual é a melhor forma de praticar ciclismo fora da sua própria cidade. Quem vai para Florianópolis, por exemplo, tem a possibilidade de levar seu próprio material esportivo ou alugar bicicleta e equipamentos na capital catarinense. Já quem vai à bela ilha brasileira para competir em eventos de ciclismo (uma vez que Floripa é uma das melhores cidades para conseguir boas iniciativas dentro desse ramo esportivo) deve levar seu próprio equipamento, incluindo a bicicleta. Nesse caso, é recomendável ver com antecedência as implicações do transporte dessa carga através da companhia aérea.


Prova em Pomerode-SC
Mas o que você realmente deve saber antes de cogitar pedalar pelas paisagens do Brasil, em competições ou fora delas, é que o ciclismo faz muito bem à saúde e não tem quase nenhuma restrição – apenas se você tiver problemas crônicos no músculo das pernas ou problemas cardíacos. Nesse caso, é sempre indicado começar os exercícios em nível leve e ir subindo a dificuldade conforme o passar do tempo.


Prova tradicional em
Rio do Sul - SC
Fora isso, pedalar é só alegria. O ciclismo levado a sério melhora o condicionamento físico, ajuda o sistema respiratório a trabalhar melhor, dá mais resistência aos músculos e ajuda muito a perder peso e medidas. Não é à toa que o spinning, a prática do ciclismo em bicicleta ergométrica, é uma das aulas mais procuradas nas academias. Mas, é claro, nada se compara à delícia de pedalar contra o tempo, ou simplesmente por prazer, em paisagens extremamente estonteantes, como na capital de Santa Catarina.


Amanhecer na Serra do Rio do Rastro
onde ocorre o Desafio da Serra do Rio do Rastro - Ciclismo e MTB
Anabela Calegaro
Graduada em Comunicação Social - Jornalismo

19 de abril de 2013


Que tal ganhar uma inscrição para a Prova de Ciclismo de Regularidade Desafio 100 Km - Vou ao Paraná e já volto ?

E ainda por cima de forma fácil ?

Achou interessante ? Então veja só esta... 

Promoção:

Responda corretamente a pergunta abaixo para você ter direito a participar do sorteio de 1(uma) inscrição para a Prova de Ciclismo de Regularidade Desafio 100 Km - Vou ao Paraná e já volto.
  • Pergunta:  Quantos pontos ganha o ciclista que passar pelo PC/Chegada mantendo uma velocidade média de deslocamento entre 23 e 27 km/h? 
Dica: O regulamento de uma competição contem informações importantes e sempre deve ser lido pelo competidor. :)


Para onde enviar a resposta?

Envie a resposta, incluindo seu nome completo, para o email: biker@pedalafloripa.com.
O título da mensagem deve ser: Promoção Prova de Ciclismo de Regularidade.


Quer aumentar suas chances de ganhar o sorteio? 

Tem duas opções, sendo que cada uma delas dará direito a mais um cupom.

IMPORTANTE:
  • Somente estará apto a participar do sorteio aqueles que responderem corretamente a pergunta da promoção, dando direito a um cupom para participar do sorteio;
  • Será sorteada somente 1 inscrição que é pessoal e intransferível. Qualquer outro gasto necessário para a participação do competidor na prova são por conta do mesmo;
  • Seguir o site Pedala Floripa publicamente é opcional e dará direito a um cupom;
  • Curtir a página Pedala Floripa no Facebook é opcional e dará direito a um cupom;
  • As inscrições se encerrarão às 23:59:59 da próxima sexta-feira, dia 26/04/2013. 
  • O ganhador será divulgado no dia seguinte, 27/04/2013, através do site e do Facebook, além de receber um email e terá até o dia 29/04/2013 para se inscrever. As informações para a inscrição serão enviadas por email.

Para facilitar, cole o texto abaixo na sua mensagem, preencha os dados e envie:

Quantos pontos ganha o ciclista que passar pelo PC/Chegada mantendo uma velocidade média de deslocamento entre 23 e 27 km/h? 
  • Resposta: ______ pontos.
  • Identificação do seu nome de Seguidor Público: ________________________________
  • Seu nome no Facebook (precisa curtir a página Pedala Floripa): __________________

Informações Úteis sobre a prova

16 de abril de 2013

Pedala Campinas: Nova Equipe de Ciclismo

Legal esta iniciativa de se criar uma equipe de ciclismo com uma galera forte de pedal. Afinal de contas, sabemos como é difícil montar uma equipe, ainda mais com poucos recursos!

Segue a reportagem sobre a criação.

Nem bem a equipe nasceu e já tem vitória no currículo (veja neste link)


Fonte: Bike Magazine


A cidade de Campinas, no interior paulista, volta à cena do ciclismo com uma nova equipe. A nova formação vai disputar as principais provas do calendário paulista e nacional na categoria Senior A, para atletas de 30 a 39 anos.

A iniciativa partiu do ciclista Rodrigo Dirani, que tem no currículo o título de terceiro colocado na Sundown Road Distance 800 e quer levar o ciclismo campineiro de volta aos pódios das principais corridas do calendário estadual e nacional.




“O ciclismo que foi forte na cidade em décadas passadas, sofre há anos com a falta de apoio. Muitos ciclistas de talento atualmente pedalam para equpes de outras cidades”, conta Dirani.

Segundo o atleta, o objetivo da equipe é o de integrar os ciclistas da cidade e estreitar os laços de amizade entre os praticantes da modalidade. “Há anos Campinas não possui uma equipe de ciclismo competitiva. Mas, com a ajuda de alguns parceiros que amam esse esporte, formamos nosso nosso time para disputar provas estaduais e nacionais. Ainda não temos um apoio de nossa Prefeitura, mas vamos buscar estreitar os laços e buscar este suporte. A ideia ir fortalecendo os patrocínios e um dia levar a equipe à categoria Elite”, explica Dirani.

A equipe é formada por Rodrigo Dirani, Udi Ribeiro, Alex Carvalho, Renato Ferreira, Renato Damasio, Luciano Souza e André Lengruber.

Dirani é veterano no esporte e já passou pelas categorias Sub-23 e Elite e integrou as equipes profissionais de Americana e de Iracemápolis. Udi Ribeiro, outro ciclista experiente, é o terceiro colocado na Senior A no Campeonato da Média Paulista. Jà Alex Carvalho foi campeao da Volta do ABC em 2011.


2ª etapa do Valeparaibano de Ciclismo
O time vai disputar as principais provas do Estado de São Paulo e também estará nos principais eventos do calendario nacional, como o GP Ayrton Senna/1º de Maio, a 9 de Julho, o Campeonato Brasileiro e a Copa Light.

A equipe conta com o apoio do Grupo Trevisan Serviços, LimpaMais Campinas, Telan soluções em PABX, Voz e Dados, PWNET TelecomM, Keiko Restaurante, Praça do Coco, Ecos Bike e Paulo Fernandes Fit Bike.

15 de abril de 2013


A história da Gabriela Grimm não é muito grande, mas muito interessante! 

Pedalou quando criança até que acabou parando durante a adolescência. Entretanto, em função de uma necessidade de ter uma maior mobilidade, recomeçou a pedalar e, desta vez, embalou, se tornando uma Biker Anjo e uma Ciclo-Ativista, divulgando os benefícios e o prazer de se pedalar!

Espero que gostem de mais esta história Show de Bike!

CicloAbraços, Biker



Gabriela na Pedalada do Bigode em Floripa - 2011
Comecei a andar de bicicleta bem cedo, de brincadeira, tinha rodinhas e tudo, a bicicleta era linda, branca com detalhes em amarelo e roxo.

O primeiro dia que andei sem as ditas rodinhas, foi memorável, recém tinha levado uma injeção no bumbum muito dolorida, e depois disso, fui com meus pais e alguns amigos pedalar numa pista de Kart que tinha em São Miguel do Oeste. Meu pai foi segurando, conversando, e quando olhei pra trás, eu estava andando sozinha, sem rodinhas! Eu tinha 5 anos.

Gabriela e seu irmão junto com as bikes
em São Miguel d'Oeste - SC
Anos depois, quando me mudei com 17 anos para estudar História em Florianópolis, me deparei com uma cidade linda, mas muito difícil de chegar aos lugares que queria. Os horários de ônibus eram escassos e sempre os perdia para ir às aulas. Com tantas festas e aulas, minha vida passou a ser muito sedentária e não saudável, até o dia em que resolvi comprar uma bicicleta! 

Caloi Poti com cestinha
Tinha um pouco de medo, fazia anos que não pedalava e Florianópolis parecia assustadora com tantas calçadas pequenas e estragadas, cruzamentos complicados, falta de ciclo-faixas e ciclovias seguras e boas. Contudo, não desanimei. Comprei com o meu primeiro salário da bolsa de pesquisa, uma Caloi Poti, vermelha com cestinha.

Com o tempo e convivência, fui me interessando cada vez mais por bicicletas, fiz amigos que pedalavam, descobri amigos que tinham bicicletas paradas e começamos a pedalar juntos, troquei dicas e informações valiosas que me deram mais segurança no trânsito, conheci vários pontos da cidade que dificilmente iria se dependesse de ônibus, voltei a comer melhor e a me exercitar com regularidade, descobri na bicicleta, uma maneira de me sentir bem comigo mesma, me sentir livre, independente e feliz.

Parede onde fiz aplicação de stencil de bicicleta - Floripa 2012

Em setembro de 2011, participei pela primeira vez de uma BICICLETADA. Foi incrível a energia, a alegria, as trocas que ocorreram naquela dia, que me fizeram participar no outro mês, e no outro , e no outro... Com essas participações seguidas, fiz várias novas amizades, percorri novos caminhos, comecei a conhecer melhor a cidade em que vivo, passei a me dedicar mais ao meu corpo, à minha alimentação, aos meus hábitos e rotina. Incluí de vez a bicicleta na minha vida, passando a incentivar seu uso à todos meus amigos, conhecidos e desconhecidos. 

Oficina para meninas aprenderem a pedalar,
na UFSC em 2012
Com o passar dos anos, me tornei ciclo-ativista, bike anjo da própria mãe e de amigas e amigos, participante de atividades e passeios relacionados à mobilidade, etc.

Atualmente, como trabalho de conclusão do curso de História, vou discutir sobre a importância da bicicleta em diferentes momentos históricos, como uma bandeira levantada em movimentos onde são pregados a liberdade, a consciência ecológica, a não liderança e a mudança de hábitos em sociedades onde imperam o barulho dos carros e a pressa dos relógios.

Meu depoimento é curto, mas gostaria de enfatizar os benefícios que uma bicicleta pode trazer na vida de uma pessoa, como uma atitude simples, que às vezes esquecemos no passado, pode mudar nossa vida inteira pra melhor se pararmos para nos permitir outras possibilidades e outros meios. E então, você se apaixona para sempre.

Gabriela Grimm 

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